quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012


Jet ski bom é jet ski no lixo

No sábado de Carnaval, a menina Grazielly Almeida Lames, de três anos, brincava numa praia de Bertioga, quando um jet ski desgovernado e sem ninguém ao controle a atropelou. A menina morreu a caminho do hospital.
O jet ski estava sendo guiado – ou melhor, não-guiado – por dois adolescentes, de 12 e 14 anos.
Saber que uma criança perdeu a vida e duas outras ficarão marcadas para sempre, por causa de um brinquedo idiota como esses, me deixou consternado.  Porque não há nada no mundo que eu odeie mais que jet ski.
Acho o jet ski um objeto nocivo, símbolo de muitas coisas que abomino: desrespeito, irresponsabilidade, falta de civilidade, violência, deselegância, exibicionismo e estupidez.
Eu tenho, sim, preconceito contra jet ski. Assumo. Alô, associação de amantes do jet ski, pode me xingar à vontade.
Claro que os defensores do jet ski vão argumentar que a culpa não é do objeto, mas dos donos. É a mesma lógica de quem defende as armas ou a criação de pitbulls.
Meu problema com o jet ski é que ele é um produto que vai contra as características do próprio meio para o qual ele foi projetado. Ele é veloz, barulhento, poluidor, feio, inconveniente, intrusivo e cafona. Tudo que o mar não é.
O jet ski é uma contradição: um objeto individualista, mas projetado para um meio coletivo, a praia. Ele não se presta ao convívio. Pelo contrário: espanta todos que estão ao seu redor, sejam banhistas ou peixes.
O único que parece se divertir com essa joça é quem está sentado em cima dela. Para todos os outros, é um transtorno.
Existe uma lei que proíbe o uso de jet skis a menos de 200 metros das praias. Não é suficiente. A limitação deveria ser de dois quilômetros, no mínimo.
Quer apostar corrida com os amiguinhos? Então faça no meio do mar, onde você não seja um risco para ninguém, a não ser você mesmo.
Acontece que o dono de um jet ski nunca vai deixar de pilotá-lo próximo às praias. Porque o barato é justamente aparecer, se exibir, passar zunindo em frente aos banhistas, impressionando as cocotas e causando inveja aos manés.
Já perdi a conta de quantas vezes me irritei com irresponsáveis voando de jet ski ao lado de pequenos veleiros ou canoas. Outro dia, vi um deles se exibindo a menos de 20 metros de uma regata de Optimist, cheia de crianças.
Vou mais longe: NUNCA vi um jet ski que não estivesse causando risco para alguém.
Andar de jet ski é indesculpável. É como ouvir som alto no carro com o capô aberto, usar pochete ou meia branca com sapatênis. Com o agravante de colocar os outros em risco.

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